“Eu tinha pouco mais de seis anos. Meu pai disse: “Cuide da sua caixa de ferramentas como as mulheres cuidam do estojo de maquiagens.”
Essa ordem foi anunciada logo após eu ganhar a minha primeira caixa de ferramentas. Sempre gostei de desmontar e remontar meu brinquedos. Creio que por isso meus pais acharam a caixa de ferramentas uma boa ideia. A caixa era verde musgo. O kit continha chaves de fenda, chaves phillips, martelo, alicate universal, alicate de bico, fita isolante e alguns pregos. Lembro de ser extremamente pesada. Carregá-la de um lado para outro era uma tarefa árdua. Mas era um brinquedo. O meu primeiro brinquedo sério. E por isso tão divertido. Meus pais eram separados. Eu morava com a mãe e uma irmã mais nova. Essa convivência familiar fez com que as ferramentas ganhassem outras funções. Demorou pouco para a chave de fenda aparecer no gaveteiro da cozinha (ajudava na hora de abrir conversas, argumentava minha mãe). A fita isolante foi inteira usada para fazer um remendo no móvel do banheiro. E o meu alicate de bico desapareceu. Foi reencontrado meses depois na casa da vizinha. Um mistério que assola até hoje a região da Móoca, em São Paulo (SP). Aí aprendi. Comecei a guardar a caixa de ferramentas atrás dos meus gibis da turma da Mônica. Não era um gesto mesquinho. Quem tem, sabe. Ferramenta é como livro. Se você emprestar e não tomar conta, nunca mais você vê. Basta observar em oficinas. Os mecânicos guardam ferramentas em caixas com cadeado. Afinal, é a sua ferramenta de trabalho. Se sumir, fim de expediente. E ainda tem que pagar do bolso. Foi um mecânico que me disse isso. E mecânico não mente. O que me encanta sobre ferramentas é o fato de ser algo místico. Dificilmente um item torna-se obsoleto, sai de linha ou tem uma versão 2.0 lançado. As chaves de fendas de hoje podem ter cabo ergonômico e serem feitas em adamantium, mas apertam um parafuso da mesma maneira da chave de fenda que o seu avô usava. É importante para o homem ter a sua própria caixa de ferramentas. Por mais que a utilização não seja frequente, ela serve para dar segurança. Seja para arrumar uma porta, montar um pequeno armário ou simplesmente desmontar qualquer coisa na garagem durante um sábado ocioso, uma caixa de ferramentas é algo que você precisa ter. Mas como escolher a caixa perfeita? Tenho uma ideia de como fazer isso.
Kit Básico
É bom ter em casa. São para tarefas que aparecem no dia a dia quando você menos espera. É o set-up básico para não precisar incomodar o zelador ou o seu pai por qualquer coisinha.
- Kit de chaves de fenda e philips;
- Martelo comum;
- Silver Tape;
- Fita dupla face;
- Durepox;
- Super bonder;
- Alicate universal;
- Chave de grifo;
- Fita isolante;
- Fita veda rosca;
- Tesoura;
- Kit de Chave Allen – diversos tamanhos;
- Pregos de diversos tamanhos;
- Parafusos e buchas de diversos tamanhos.
Kit Intermediário
Para quem gosta de quebrar coisas, reformar a própria casa ou mexer no carro. Aí a porra fica séria. Vale até montar uma prateleira ou armário dedicado para guardar todas as ferramentas.
- Furadeira de impacto;
- Nivelador;
- Chave de teste;
- Alicate de bico;
- Martelo de borracha;
- Chave de catraca;
- Silicone líquido;
- Trena;
- Uma pequena serra;
- Pistola para aplicação de cola quente;
- Kit para pintura;
- Lanterna;
- Soldadeira.
Kit Eastwood
Você vai precisar desse kit caso sonhe em trabalhar na área da construção ou curte executar pequenas obras. Nem todas as ferramentas são tão simples de encontrar. E ocupam bastante espaço. Prepare uma mini oficina ou uma sala inteira para guardar esse material. E tenha uma certeza: vai ser divertido.
- Parafusadeira elétrica;
- Lixadeira;
- Serrote;
- Escada;
- Kit para reparo de canos;
- Kit para reparo de parede;
- Cavadeira;
- Pá;
- Maçarico;
- Moto-serra;
- Britadeira;
- Disparador de pregos (tipo aquele do Quake).
A melhor parte de montar uma caixa de ferramentas ainda é o seu valor sentimental. Evite comprar tudo de uma vez. O barato está em curtir a pesquisa de melhores ferramentas, discutir sobre as boas lojas e ver a coleção ganhando corpo. Essa cerimônia é a melhor parte. Especialmente quando se sabe que aquela caixa tem uma duração bastante longa. E que, provavelmente, será repassada ao seu filho. Mas não sem antes você presenteá-lo com ferramentas de brinquedo. A paixão por esse símbolo de masculinidade e crescimento começa assim: na inocência. Justamente como devem ser as paixões.”
Relato de Gustavo Cambiaghi, disponível em Papo de Homem.
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