Desenvolver veículos globais é uma das estratégias usadas pelas montadoras para reduzir custos de produção, mas não significa que esses carros tenham de ser idênticos em todos os lugares. Mesmo compartilhando plataforma e componentes, esses modelos são adaptados para atender às particularidades de cada mercado em que estão – as mudanças incluem de equipamentos ao visual, o que pode criar “caras” diferentes.
Um caso emblemático é o dos Toyota Corolla e Camry. Esses sedãs são vendidos nos mercados brasileiro, europeu e norte-americano e não são exatamente iguais. “Estruturalmente, são muito parecidos, já que plataforma, carroceria e até o acerto de suspensão são os mesmos. Mas, nos EUA, por exemplo, a dianteira é diferente e os conteúdos também”, diz um porta-voz da marca no Brasil.
Outro modelo global com variações é a Chevrolet S10 (foto abaixo). A picape desenhada no centro de estilo da filial brasileira da GM é vendida em vários outros países. Na Tailândia, recebe o nome de Colorado, o mesmo adotado nos EUA. Mas o modelo norte-americano tem visual mais parrudo, ao gosto local, do que oferecido no país.
As preferências estéticas dos consumidores são apuradas em clínicas (pesquisas) feitas por região. Elas determinam se é preciso fazer ajustes no visual do modelo conforme o local. No caso da picape Toyota Hilux, não há diferenças entre as picapes vendidas na Argentina, Tailândia e Austrália.
Vice-presidente da GM do Brasil, Marcos Munhoz diz que a estratégia de posicionamento também implica ajustes. “Um modelo pode ser vendido aqui como carro de luxo, com recursos sofisticados e muitos itens de série, e lá fora ter configuração menos requintada, ocupando um segmento diverso.”
É o caso do sedã Cruze, que no País está no topo da gama da marca e na Europa tem visual e conteúdo distintos, além de versões perua e a diesel – e também de seu rival da Toyota. Segundo o porta-voz da empresa, nos EUA o Corolla é um carro de entrada e, portanto, mais simples. “Aqui e na Turquia, o sedã atinge um público mais exigente e ganha itens de conforto.”
Sutileza. Para adequar o visual de um carro ao gosto local, nem sempre é preciso fazer grandes intervenções. “Um para-choque fabricado no próprio país pode mudar o desenho e até a dimensão do modelo”, diz o gerente de desenvolvimento de negócios da consultoria Jato Dynamics, Milad Kalume Neto.
Para o consultor da ADK Automotive Paulo Garbossa, entender o que quer cada mercado é fundamental para garantir boa aceitação a um modelo. Ele lembra que o próprio Corolla teve de se adaptar para vencer.
“Quando foi lançado no Brasil, em 1997, o modelo tinha faróis redondos, que não fizeram sucesso aqui. Assim que instalou sua fábrica brasileira para fazer o sedã, a Toyota reformulou a dianteira e aí ele emplacou no gosto local.”
Fonte: Estadão
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