A equipe do blog GEDORE bateu um papo com Katherine Pavloski, arquiteta de 31 anos, que está à frente da Mana – mulher conserta para mulher, uma empresa de manutenção residencial com mão de obra exclusivamente feminina. Os serviços prestados são de manutenção elétrica, hidráulica, pintura e montagem e instalação de móveis. Katheri-ne é um exemplo do que representa na prática as conquistas sociais, políticas e culturais das mulheres nas últimas décadas.
Como iniciou sua história com a Mana?
Iniciei a vida de manutenção residencial desde pequena, quando meus avós estavam construindo a casa deles. Meu avô sempre explicou como fazer os serviços, como manusear as ferramentas, sempre me deu apoio para realizar esse tipo de serviço. Após minha formação como arquiteta, trabalhei durante 3 anos no Rio de Janeiro fazendo acompan-hamento de projeto de shopping center. Sempre que precisava ir ao canteiro de obras tinha que me provar arquiteta, socialmente as pessoas não tem essa percepção. Nesses 3 anos, cansei, e estava quase saindo da área da arquitetura, quando conheci Ana Luísa, minha sócia, através das redes sociais. Hoje ela está levando alguns projetos pessoais, e eu estou tocando a Mana.
Quando contei sobre a Mana para os meus avós, foi um susto, pois inicialmente eles não tinham entendido que esta-va empreendendo e fazendo o que amava.
O que é a Mana?
Mana – mulher conserta pra mulher. Nasceu em 2015, com a necessidade de segurança e transparência para serviços de manutenção residencial, principalmente para o atendimento de mulheres, que muitas vezes precisam receber profissionais quando estão sozinhas em casa. A tendência de equipes femininas para manutenções tem crescido entre empresas multinacionais como Mapre Seguros e Vivo.
Atualmente prestamos serviços de manutenção elétrica, hidráulica, pintura e montagem e instalação de móveis. Além disso, também oferecemos cursos em 2 frentes, a primeira voltado para donas de casa e mulheres que queiram aprender mais sobre a manutenção e ter maior independência; a segunda são cursos de capacitação profissional, voltados para as mulheres que queiram aprender mais a fundo e trabalharem como prestadoras de serviços de ma-nutenção residencial e/ou comercial.
Quando começaram o projeto, qual era o maior receio?
Nosso maior receio é que não conseguíssemos gerar dinheiro o suficiente para pagar nossas contas, nós duas havía-mos saído de nossos empregos e entramos de cabeça na Mana. E quando evoluiu, ficamos com medo de não dar conta do recado, visto que eu, Katherine sou arquiteta, e a Ana Luísa é formada em cinema de animação.
Por isso, fizemos diversos cursos na área administrativa, financeira e da construção civil, pedimos ajuda a pessoas com maiores expertises e conseguimos tocar nosso negócio.
Com sua experiência, quais dicas você daria a uma mulher iniciante na prestação de serviço?
- Procure empresas ou pessoas que façam o mesmo serviço ou similar. Quando conversar com essas pessoas, per-gunte quais foram as maiores dificuldades, o que fazer e não fazer, conte o que você está planejando. Ouvir de quem já faz isso, ajuda a não repetir os mesmos erros.
- Faça pesquisas sobre o seu público-alvo. Você vai atender sozinha? Terá uma equipe? Será você e outra pessoa?Quais regiões você atenderá? E assim elabore o seu marketing digital.
- Planeje, mas AJA. Na folha em branco tudo é possível, mas na vida real, existem vários fatores externos que podem interferir no seu planejamento.
- Inicie atendendo alguns serviços, e vá aumentando a cartela de serviços aos poucos, assim você encontrará o seu limite entre gerir a parte operacional e administrativa.
Quais ferramentas são fundamentais para você? Aquelas que não podem faltar na caixa de ferramentas para a realização de um serviço?
Ter a ferramenta adequada é essencial para a realização de um serviço de qualidade. Na caixa de ferramentas não podem faltar: chave de fenda simples e fenda cruzada, alicate universal, trena, nível, martelo, estilete, chave inglesa (ajustável) e também uma parafusadeira.
Na sua opinião, o que mais atrai as mulheres para a contratação de um serviço prestado por vocês, ou o curso das Manas?
Nosso maior diferencial é que nossas prestadoras de serviços são mulheres e os cursos são oferecidos por mulheres. Além disso, a transparência nos atendimentos é um dos nossos valores – quando chegamos na cliente, conversamos com ela, vemos o serviço que precisa ser feito, diagnosticamos o problema, explicamos o que será preciso fazer, quais materiais precisará comprar, ou não. Nossas clientes se sentem confortáveis e se tornam nossas amigas, até porque nosso atendimento é sempre aberto.
Já os cursos surgiram com a proposta de capacitar mulheres para que consigam resolver pequenos imprevistos domé-sticos sozinhas, assim como, acompanhar serviços realizados por profissionais de forma mais consciente. Pretende-mos também ser um primeiro passo para aquelas que querem buscar mais formação e se tornarem profissionais da área. O curso é estritamente presencial e as aulas misturam conceitos teóricos com a prática.
Há alguma história que marcou vocês ao longo do projeto? Caso sim, qual?
Sim, muitas. Uma delas aconteceu com a Ana Luisa. Ela estava trocando o chuveiro de uma cliente, e a filha dela estava junto, cada movimento da Ana, a menina perguntava o que ela estava fazendo. Ao sair, enquanto estava espe-rando o elevador, a cliente a chamou, mostrou a filha brincando e disse: -“filha repete o que você falou para mim”, a menina respondeu: – minha Barbie não vai ser modelo, ela vai comprar uma caixa de ferramentas e arrumar tudo na casa de outras mulheres”. Essa foi uma das situações que nos mostram que estamos exatamente no caminho certo. Outra história foi comigo, estava em uma cliente e ela disse que não sabia fazer nada. Enquanto fazia o atendimento fui ensinando o passo a passo para ela. Em outro dia, ela nos marcou em sua rede social muito feliz, havia conseguido trocar uma luminária sozinha, e isso aumentou sua autoestima.
Para saber mais sobre a MANA acesse: http://manamanutencao.com.br/
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