CONEXÃO GEDORE | Luis Batistela, Diretor Administrativo Financeiro da GEDORE do Brasil, aborda boas práticas em governança, cenário global e eficiência em gestão

1. Em um ambiente global marcado por volatilidade cambial, pressões inflacionárias e digitalização acelerada, como vê a expansão do papel da área administrativo-financeira dentro de uma indústria? Quais novas competências e frentes de atuação já se tornaram indispensáveis — e quais ainda devem ganhar força nos próximos anos?

Não é recente o movimento de expansão da atuação das áreas administrativo-financeira nas empresas. Ao longo do tempo, foi se tornando fundamental que principalmente o financeiro se tornasse mais tecnológico e integrado ao negócio, possibilitando assim dar maior suporte às decisões a serem tomadas na empresa, atuando com agilidade e visão global.

Eu cito como competências indispensáveis a gestão estratégica, visão analítica e domínio de dados, integração com áreas comercial e operações, avanço em transformação digital e governança.

Como próximas etapas, vejo como um grande desafio o uso da Inteligência Artificial na área financeira e a segurança cibernética tendo em vista o avanço nos riscos de ataques desta natureza.

2. Quais são os principais indicadores que você acompanha no dia a dia para garantir uma gestão eficiente?

Além de indicadores macroeconômicos que são monitorados para acompanharmos os rumos da economia global e do país, eu analiso diariamente nossos indicadores internos de faturamento, entrada de pedidos, carteira de pedidos, produção, ruptura de estoques e margem de comercialização, tanto dos pedidos faturados como dos pedidos recebidos de clientes.

3. Como a integração entre setores impacta na eficiência operacional?

A integração e interação entre áreas tende a gerar um efeito sinérgico na operação, ou seja, multiplica o resultado das ações realizadas em conjunto. O funcionamento da empresa exige o conhecimento profundo em diferentes áreas de atuação e quando estas atuam próximas e de forma organizada, obtemos ganhos de produtividade, velocidade de resposta, visão geral do negócio, propicia foco total no cliente e, acima de tudo, uma cultura de colaboração e um ambiente saudável de trabalho.

4. Na sua opinião, qual é o papel da área financeira na inovação e crescimento empresarial?

A principal mudança no papel da área financeira ao longo do tempo foi a migração de uma atividade mais voltada para controle e geração de relatórios para uma atuação estratégica alinhada às perspectivas dos demais setores da empresa e mais ativa no dia a dia do negócio. Neste sentido, aumentou muito o apoio para identificar e discutir com as áreas comerciais sobre estratégias de negócios ou dar suporte sobre retorno de investimentos à área fabril, por exemplo.

O ponto específico da inovação ainda é um grande ponto de interrogação pois o desafio é muito grande no sentido de medição do seu retorno e muitos investimentos nesta área não terão retorno imediato ou mesmo serão passíveis de rápida e fácil medição. Aqui o tema de casa é identificar quais investimentos serão capazes de gerar ganhos de produtividade, trazer agilidade na operação e, consequentemente, crescimento e resultado para a empresa.

5. Qual a importância de boas práticas na governança corporativa para a sustentabilidade do negócio?

A governança é fundamental para a saúde de qualquer negócio. Uma empresa precisa de controles adequados para diagnosticar o seu funcionamento e isto se dá através de indicadores. Se não temos indicadores de performance, não conseguimos medir resultados e, consequentemente, não sabemos o que acontece na empresa. Em paralelo, a governança também atua como suporte para tomada de decisões, avaliando riscos de negócios que podemos assumir, assegura transparência, inclusão e responsabilidade social.

6. Na sua experiência, quais fatores são indispensáveis para garantir uma colaboração efetiva entre as áreas Administrativa, Financeira, Comercial e Operacional, e de que forma essa sinergia se reflete em resultados positivos para empresa?

Acredito que o principal fator de garantia de boa colaboração entre áreas é permitir que todos os escalões se conectem, interajam e cheguem a soluções de problemas sem interferências da alta gestão. Este empoderamento é muito importante e estreita os laços entre os colaboradores, fomenta a cultura de colaboração, propicia maior

transparência e autonomia aos grupos e a partir disto temos o almejado ganho de sinergia e resultado da empresa.

7. De que maneira as novas tecnologias — como automação, analytics e inteligência artificial — deverão transformar os processos administrativos e de controladoria, por exemplo, das indústrias nos próximos anos? Quais desafios e oportunidades você enxerga nesse contexto?

Muitas das chamadas novas tecnologias já são realidade atualmente, sendo que algumas delas utilizadas na GEDORE, como por exemplo, o Power BI e os modelos de previsão de demanda utilizado pelo S&OP.

Tenho afirmado com frequência que o grande desafio será implementar a(s) ferramenta(s) certa(s) para a necessidade de cada empresa, independentemente de alguma tendência ou até modismo.

8. Quais competências técnicas e comportamentais considera imprescindíveis para que um profissional se destaque e construa uma carreira de sucesso nos dias de hoje?

As competências técnicas e comportamentais são complementares para uma carreira de sucesso, independentemente se a intenção do profissional é tomar o rumo de uma carreira especialista ou estratégica. A primeira competência técnica exigida pelo mercado, seja qual for a profissão, é o domínio das ferramentas digitais. Junto a esta, eu citaria também o domínio técnico da área em questão, pensamento analítico e domínio de idiomas.

Quanto às competências comportamentais, sem dúvida alguma, inteligência emocional é algo imprescindível para um bom trânsito entre diferentes públicos nas organizações. Outras competências não menos importantes que posso citar são a capacidade de adaptação a diferentes ambientes e situações, gestão do tempo, resiliência e boa comunicação.

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