1. Como você enxerga o cenário atual do setor metalmecânico no Brasil e quais são os principais desafios enfrentados pela indústria atualmente?
Acredito que o cenário é desafiador, mas oferece oportunidades!
Desafiador porque o país não estruturou uma política industrial clara de médio/longo prazo. Com o passar do tempo a base industrial do Brasil está reduzindo, trazendo inclusive algumas dificuldades nas nossas cadeias de fornecimento local. Há algumas regulamentações rígidas no setor em todos os aspectos, que muitas vezes reduzem nossa competitividade em relação às indústrias de outros países.
Sobre as oportunidades vejo o mercado interno grande e pujante, que pode permitir uma escala para ampliarmos nosso canal de exportação. Temos uma boa base de conhecimento e domínio de tecnologias. Se combinarmos isto com uma capacitação eficiente de pessoas, poderemos ter uma vantagem competitiva frente a outros mercados.
2. “Pensar global, agir local” é uma filosofia que tem guiado a GEDORE em sua trajetória centenária. Essa abordagem permite à GEDORE Brasil adaptar-se às necessidades específicas de cada mercado, oferecendo soluções personalizadas sem perder a qualidade ou a inovação. Diante das exigências e dos avanços crescentes, como essa filosofia tem contribuído para a evolução dos processos na indústria?
Com certeza o “Pensar global, agir local” está no DNA da GEDORE do Brasil. Nos últimos anos esta tendência inclusive está ganhando mais força, aumentando a cooperação entre as empresas do grupo e permitindo que nós do Brasil possamos colaborar diretamente nos processos de decisão da companhia. Hoje temos um conhecimento bastante profundo em relação as capacidade e competências no grupo todo e o Brasil está ganhando posição de destaque, por exemplo, por nossa flexibilidade e agilidade em nos ajustarmos a dinâmica do mercado.
3. Neste mês de maio, celebramos o Dia Nacional da Indústria. De modo geral, as inovações tecnológicas têm impactado diretamente a produção industrial. Como essas tendências estão sendo incorporadas pela GEDORE e em seus processos internos?
Entendo que a inovação tecnológica faz parte do dia a dia da indústria desde sua origem. O que mudou foi a velocidade do desenvolvimento de novas tecnologias, em especial na era digital e a transversalidade da aplicação delas nos processos industriais. Na GEDORE, a incorporação ocorre gradualmente e por vezes nem percebemos. Por exemplo, hoje temos monitoramento de equipamentos em tempo real, permitindo medir seu desempenho e guiando ações de melhoria de forma rápida e eficiente. Nos processos administrativos vejo muitos avanços com fluxos digitalizados no SEG e dados extraídos diretamente do ERP para o BI. Tudo isto nos ajuda a tomarmos decisões melhores e mais rápidas.
Temos ideias ambiciosas para avançar na inovação dos nossos processos, mas temos que fazer isto de forma consciente e focando na viabilidade econômica.
4. Recentemente você participou do podcast do Sindimetal, abordando os desafios relacionados a necessidade de mão de obra qualificada para o setor. Esse é um debate recorrente no âmbito da indústria nacional. Tendo como perspectiva o atual cenário, como a GEDORE pode contribuir para o desenvolvimento de jovens talentos?
Na minha visão a questão de qualificação de mão de obra é um tema de enorme importância para o Brasil, não só para a indústria. Há a necessidade de acelerar o processo de qualificação das pessoas que estão entrando agora para o mercado de trabalho, para que elas sejam mais produtivas e possam compensar a redução da quantidade de pessoas ativas economicamente. E, muito importante, garantir a geração de riqueza e manter o equilíbrio entre trabalhadores ativos e a crescente parcela de pessoas idosas na sociedade.
A contribuição da GEDORE neste contexto é feita na colaboração com as entidades de formação de jovens, em especial SENAI e SESI. Além disto, participamos de iniciativas coordenadas pelo SINDIMETAL, para aproximar os jovens da indústria e mostra-lhes que há uma excelente oportunidade de carreira.
A Indústria no Brasil foi o grande motor do milagre econômico no século passado, mas depois perdeu sua atratividade. Acredito que devemos captar o foco dos jovens mostrando como as novas tecnologias, que tanto interessam aos jovens, estão presentes e sendo aplicadas na prática na indústria, como aqui na GEDORE, por exemplo.
5. Quais iniciativas você considera fundamentais para o fortalecimento da indústria brasileira?
De forma geral acredito que a indústria será muito beneficiada pela reforma tributária que está em andamento. Ainda é cedo para sabermos, já que há muitos detalhes que ainda precisam ser regulamentados, mas a tendência é que se flexibilize questões tributárias para a indústria, permitindo um maior protagonismo e competitividade global para o setor.
Também seria importante a sociedade ter um foco maior na qualidade de todo sistema educacional no Brasil. Ter uma população com instrução educacional adequada será fundamental para enfrentarmos a inversão da pirâmide populacional que estamos enfrentando.
6. Em termos de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental, quais propostas e desafios são necessários para alinhar a produção industrial a práticas mais conscientes?
Na GEDORE prezamos muito este assunto e zelamos pelo atendimento a todas as regulamentações legais. Acredito que o Brasil, em termos de legislação, está bastante avançado neste quesito. O que as vezes falta é mais segurança jurídica e um incentivo adequado para que mesmo as indústrias menores possam se adequar mais facilmente.wbe
Recentemente relatamos para a matriz na Alemanha como a GEDORE do Brasil faz a gestão dos aspectos ESG atualmente. Isto foi comparado com as diretrizes da Comunidade Europeia que a matriz segue e a conclusão é que estamos muito alinhados.
A diretoria no Brasil certamente está muito comprometida com este assunto e incentiva muitas ações neste sentido, inclusive em relação à auxílios para a comunidade local.
7. No último ano, conforme dados do IBGE, a produção industrial brasileira encerrou 2024 com um crescimento de 3,1%. Quais são as oportunidades mais promissoras que o setor deve explorar nos próximos anos?
Realmente houve uma fase muito positiva para a indústria em geral, no período pós-pandemia. Atualmente o cenário é mais inseguro, em função de algumas incertezas econômicas no Brasil, mas principalmente com a situação referente a política internacional que está em fase de transformação.
Mesmo assim acredito que a indústria brasileira pode ter oportunidades de crescimento e ampliar sua participação no mercado internacional. Temos uma base industrial consolidada que pode impulsionar as exportações caso exista uma eficiente política industrial alinhada no país.
8. O mês de maio marca um ano da maior tragédia climática do estado do Rio Grande do Sul. A Gedore, de forma resiliente, tomou medidas rápidas diante da catástrofe, prestando apoio a todos os colaboradores afetados direta ou indiretamente e criando uma grande rede de suporte em diversas frentes. Agora, passado esse período difícil, quais lições ficam diante desse desafio? E, olhando para o futuro, de que forma a Gedore pretende manter viva a rede de solidariedade e cuidado que se formou nesse período tão desafiador?
Vejo que saímos mais fortes desta situação dramática. Nossa recuperação superou as expectativas, mesmo que nem todos as feridas estejam totalmente curadas. Me impressionou muito a solidariedade e o espírito de equipe que tomou conta da GEDORE e da população em geral. Foi interessante ver o potencial liberado quando todos têm um mesmo objetivo, sem desperdiçar energia e mantendo o foco. Destaco a rede de ajuda que se formou, inclusive com fornecedores do exterior enviando doações, e principalmente, a família Dowidat, fundadora e acionista da GEDORE, ajudando de forma substancial. Estes exemplos ficam na memória e nos fazem crescer.
Agora precisamos ficar atentos e trabalhar junto ao poder público para que as medidas preventivas necessárias sejam implementadas, a fim de prevenir um novo desastre. Entendo que é o momento de refletir sobre as lições aprendidas.
Na GEDORE estamos usando a oportunidade para renovar e ampliar parte do nosso parque fabril. Também vamos implementar algumas ações preventivas para reduzir possíveis impactos negativos em situações semelhantes no futuro. Estaremos prontos para seguir a trajetória centenária da GEDORE fornecendo Ferramentas para a Vida.
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